quinta-feira, 5 de março de 2009

Dúvida

O Terapeuta, de René Magritte. Leia a interpretação aqui.




Não sou ateia,
sou agnóstica.
Não sou cientista,
que busca uma resposta pra tudo,
sou poeta,
que acolhe o incerto.


Não se tem como
dar respostas para eternas dúvidas,
às vezes, buscar a verdade é mentir.
Mas, não se engane,
ter incertezas não é estar confuso,
perdido, equivocado.


Não desconfio da dúvida,
Ela é minha maior certeza,
minha maior beleza,
o que me faz mudar,
não ser sempre a mesma,

ser mais eu própria.

O ambíguo,
não tem um único sentido,

tem várias possibilidades.
Viver com dúvida é

viver mais livre,
sem limites da certeza.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Distr(ação)

Não sei onde estou,
Enxergo apenas o piscar dos olhos,
Meu ouvido escuta silêncio
no Centro de Porto Alegre,
Há uma certeza:
o resto é uma imagem holográfica,
os carros não atropelam,
as buzinas não existem.
Sua mão segura meu ombro
para o real não me tornar irreal.
Mas, no meio do caos,
consigo pensar com calma
que há perfume de chocolate nos cabelos,
Minha distr(ação) atenta para os detalhes.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Começo

O presente já virou passado,
o apego a fotos e lembranças
não deixa saudade
tudo é eterno começo,
primeiros passos,
primeiros poemas,
primeiros amores.
O sofrimento do fim,
deixa de existir,
pois, depois do começo,
só há re(começo),
o novo, o princípio
o que ainda é vida,
o que deve me ocupar.
Remoer é morrer vivendo.

domingo, 1 de março de 2009

Sensibilidade

Foto de Germano Schuur.


O sensível,
é um músico talentoso,

escuta um leve suspiro,

aprecia o som da batida do coração.

O indiferente,

é surdo,

precisa de sons muito claros,
para distingui-los, aprecia-los.


Com indiferentes,
se fala aos gritos,

a beleza do suave se perde,
a fala se torna restrita.

Cansaço, desgaste,
a graça da palavra emudece.
É fácil enxergar o preto no branco,
difícil é ver os detalhes do por-do-sol.

Amo sentir,

Amo a sabedoria
de quem usa a sensibilidade.