quinta-feira, 27 de maio de 2010

Samsara


Arte por Audrey Kawasaki

O susto dói mais que o crônico
Crônico dói mais que a morte
Agora, morrer é sorte
Se não houvesse a despedida
Para um eu morrer
E outro eu nascer
À cada instante de vida

Se for verão e depois inverno
Se houver parte e contraparte
A vida será arte
Se a dor se tornar beleza
Se sofrer for agora poema
Não haverá dilema
Eu quero viver

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Eu Sol Mar Ília


Arte por: Audrey Kawasaki

Eu sou meu Sol enfim
Minha Ilha é do Mar
Meu Mar é de mim.
Você também é Ilha
Não quer se tornar
Península de Marília?

terça-feira, 11 de maio de 2010

Cama de Pregos


Arte por: Audrey Kawasaki


Para eu própria me emprestar companhia quando meu marido viaja,
e o meu colchão de molas torna-se uma "cama de pregos".


Há tempo que não me sinto assim
a ponto de sono me tirar o sono
a margem de nem lembrar a vez última
da dor ser aquela dúvida tão certa

Cada mola do meu sono substituída
por um prego pontiagudo de ferida
Não posso mais pular na cama
a carne é perfurada sem adormecer

Os olhos lacrimejantes
esperam o pouso dos cílios
que não mais acompanham,
no horizonte, o por do sol

À noite, não vejo sombra
Já sou toda sombra
toda fenda, toda angústia
Angústia de perceber

Não adianta contar ovelhas
na obra de Nietzche
Matar Deus é mais fácil
do que matar a insônia

A causa não é
um vazio em mim
O vazio deitado
ao lado, me acorda