sábado, 31 de janeiro de 2009

Flor Amarela



A flor amarela murchou,
apesar de estar na água,
o amor não estava por perto,
o sentido da vida foi embora.
Linda flor morreu...




Menina sentiu saudade,
apesar de respirar,
o pássaro não estava por perto,
o sentido da vida foi embora.
Menina continuou vivendo.




Para se viver não precisa
ter motivo presente
basta ter esperança
para esperar mudança.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Uma figura para cada um...

Para meus pássaros encantados que estão viajando...
Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...
E foi assim que ela, cada noite ia para cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento:
- Quem sabe ele voltará amanhã...
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro...
Rubem Alves


Para as "Maria, vai com as outras"...
Sempre me senti isolado nessas reuniões sociais: o excesso de gente impede de ver as pessoas...
Mário Quintana

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Saudades

Não tenho tanta saudades de quem partiu,
Não tenho tanta saudades de quem morreu.
Morava com os meu pais para não sentir saudades deles,
mas, sinto saudades do(s) eu(s) que se perdeu.


Não tenho medo de saudades,
que faz crescer sentimento,
tenho medo da solidão
meu amor, estou sofrendo.

Para quem eu amo.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

(ida)de tempo

(ida)de é algo que não deveria haver,
tempo de vida, (vi)vida
não é sinônimo de maturidade,
mas, é isso que ouço dizer

tenho sardas de uma criança,
olheiras de velhice,
impulsividade de adolescente,
pés no chão de um adulto

tenho sonhos de infância,
histórias de ninar da Avó,
rebeldia da juventude,
medo de ficar só de todos nós.

não tenho medo das rugas,
não tenho medo de espinhas,
do que realmente tenho medo?
é de tudo parar de estar (muda)ndo.

as (muda)nças do crescimento,
tiram o tormento,
da vida estar morrendo,
e, (re)começando.

Inspirado no filme que eu vi ontem:
"O Curioso Caso de Benjamin Button".

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Duplamente lindos!


Pela citação, no ínicio desse blog, da Clarice Lispector dá para imaginar como os seus livros são inteligentes. "A Descoberta do Mundo" é um (re)lançamento dessa obra que completa 25 anos.
A nova edição está linda!


Quem é fã do Woody Allen, não pode perder o lançamento da versão em português do livro "Conversas com Woody Allen" do Eric Lax - que registra material sobre o cineasta há 36 anos - pela editora Cosac Naify. Esse livro traz várias fotos e entrevistas imperdíveis que demonstram os diversos pensamentos e suas mudanças desde 1971. Imperdível!

domingo, 25 de janeiro de 2009

DIAGNÓSTICO!!!



Há quatro anos eu, minha família, meus amigos e uma grande equipe de médicos tentam descobrir qual é a minha doença, que limita muito a minha vida, e como eu posso me curar. Ontem, um exame que eu havia feito dois anos atrás foi analisado por uma nova médica que, em poucos minutos, conseguiu estabelecer um outro diagnóstico para mim: Sigmóide Redundante. Isso faz com que eu tenha obstipação intestinal e paralisia, provocando dores e limitações físicas. É provável, que eu não tenho apenas isso, contudo, só de conhecer um diagnóstico que explica boa parte dos problemas já me deixa felicíssima.

O que mais me surpreende é o tempo que nós demoramos para fazer um diagnóstico tão simples. Hoje, percebo que só agora eu teria condições de receber e tratar melhor essa doença. Se fosse há alguns anos atrás, eu provavelmente não teria como enxergar e dar o melhor tratamento possível para esse mal. Além disso, como eu já disse na postagem anterior: se não fossem as cicatrizes que eu ganhei, eu não seria que eu sou hoje.

Meu grande medo é sair de uma gaiola e entrar em outra. Há gaiolas que são enormes, tem vários andares, suítes e espaços livres, onde os pais trancam os filhos sem eles nem se darem por conta. Existem outras que as grades são invisíveis e o pássaro preso acredita que está livre para viver todas as possibilidades do mundo, sem nenhuma gaiola para impedir. Hoje, percebo que ninguém está totalmente livre de gaiolas. Os seres humanos prendem e se deixam prender em diversas gaiolas diferentes, somos interdependentes.

Nesse momento, estou saindo de uma gaiola bem pequena, que eu não consigo voar direito, para uma gaiola maior (mas que continua sendo gaiola). Essa gaiola inclui poder tomar cafés em livrarias, comer doces deliciosos, passear de bicicleta em parques, comer pipoca nos cinemas, passear com minha cadelinha, dirigir meu carro, pilotar um avião, ir em jogos de futebol, fazer Medicina, trabalhar com o que eu gosto, tocar Piano, ir em shows, comer as maravilhosas comidinhas da Malú e viajar de hostel em hostel (de mochila nas costas e allstar nos pés) ao invés de passar as férias em um hospital.


É muito difícil se libertar de gaiolas menores porque elas dão sensação de segurança: não há como se perder dentro delas. Fiquei impressionada em perceber o quanto algumas pessoas tem dificuldade de admitir que precisam trancar os seus queridos em gaiolas. Uma profissional do hospital que estou internada me disse: “Tu não podes sair daqui. Tu precisas ficar aos nossos cuidados, se não, tu não vais fica bem”. Isso é exemplo do que fazemos todos dias.

Talvez o único lugar que eu consiga ser totalmente livre seja nos pensamentos, na minha alma. ”Minha liberdade é escrever. A palavra é o meu domínio sobre o mundo." escreve Clarice Lispector. A maior liberdade que eu procuro não é a de mudar de casa (mudar de gaiola), mas de me libertar pelas minhas idéias, pelo meu blog.

“Não me deixe viver o que posso, que me seja permitido desaprender os limites” Carpinejar

Um agradecimento especial a Dra. Nutianne Camargo Schneider, a Dra. Cintha Verri, ao Dr. Fabrício Bragagnolo, a equipe do Hospital Mãe de Deus, a equipe do Hospital Moinhos de Vento, aos meus amigos e aos meu familiares – pássaros encantados da minha vida – que sempre me ajudaram!

Beijinhos,

Mari


CONVITE!

Há duas comemorações nos próximos dias:

- Minicomemoração do meu diagnóstico.

- Chá de Cozinha de Solteira (que fique bem claro: eu não estou me casando) – para comemorar minha saída de casa.
ATENÇÃO! Os homens também vão ser convidados, vai ser uma festa bem moderna. Nada de chá de maçã cozida.

Os convites vão ser postados nos próximos dias!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Tatuagem - parte I


Adoro tatuagens! É uma das artes mais originais que eu conheço: mistura perfeita entre desenhos e corpo humano. Tatuagens demarcam nossas vidas, estão sempre contando histórias. Elas são cicatrizes voluntárias que reafirmam nossas identidades.


Há alguns anos, disse para minha mãe:
- Mãe, vou fazer uma tattoo no pescoço.
- Não faça isso. Você só tem 15 anos. E se você se arrepender?
- É, realmente isso pode acontecer. Entretanto, olha quantas cicatrizes que eu tenho que eu não gostaria de ter. Eu tenho uma na testa, de quando eu cai na quina da escada, outra no abdômen, da última cirurgia que eu fiz... Mãe, tenho várias cicatrizes que eu não gostaria de ter e que vão marcar o resto da minha vida. Por que eu não posso ter uma cicatriz que, pelo menos, em um momento da minha vida eu quis?
Ela sempre vai estar participando na formação da minha personalidade. Eu sou "eu" hoje porque eu tive um passado no qual a tattoo está incluída.

Contudo, isso não quer dizer que eu vá viver só de nostalgias. O mais importante é aproveitar o presente. Não gosto de pessoas que ficam cultuando “cicatrizes”, se exibindo. Todavia, detesto ainda mais aquelas que não aceitam as marcas da vida (rugas, tatuagens, cicatrizes) e fazem outras marcas para destruir as antigas, ou seja, apelam para cirurgia plástica. Não tenho vergonha do que fiz. Amo minhas cicatrizes. Não trocaria nada do meu passado porque o presente não seria como é hoje: perfeito para mim.

Semana que vem, eu farei outra tattoo retratando esse momento da minha vida. Mostro quando estiver pronta.



quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Adoecer

Pintura de Edvard Munch - A Criança Doente


Adoecer é exercício de aceitação,
É acolher dor, des(espero) e sofrimento
dos mais sórdidos e violentos
Que me fazem companhia no hospital.

Nesse lugar feito de paredes frias
Estéreis de cor e de vida,
Onde vários olhares de especialistas,
Arrogantemente,
Demonstram piedade e com(paixão).

Vejo-me sem vergonha de gritar,
Fazendo um grupo de pacientes acordar,
E verem eu, fantasma de camisola,
Com totais costas de fora,
Chorar pedindo ajuda.

Adoecer faz-me implorar a qualquer um
Que leve imediatamente a dor embora,
Com a morte ou com a cura,
É idealizar poderes sublimes
A um ser humano.

Não obstante, como tudo na vida passa,
Um dia apago quase tudo com (borra)cha,
E só resta os seguintes apontamentos:
Que não sou tão in(dependente) como penso,
Que eu preciso de vocês.

Para todos que me acolhem quando eu mais preciso.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Amor de filha

Como algo que tanto se deseja pode ser tão desconfortável?
Como pode-se amar tanto uma pessoa e querer ficar longe dela?
A felicidade procura a tristeza para ser mais valorizada...
E o amor busca a saudade para ser amor.

Para Namisi,

quem melhor saber ler meus olhos.

Clique aqui e leia "Olha o olho da menina" da Marisa Prado.


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mari(lia) poesia.


A maioria das pessoas que eu amo me chamam de Mari. Eu tenho 19 anos e adoro psicologia e medicina.

As lembranças da minha infância são recheadas de livros. Minhas primeiras leituras, como muitas crianças, eram contos de fadas.

Quinze anos atrás, eu ganhei um livro diferente de todos outros que eu havia lido: “A Menina e o Pássaro Encantado” do Rubem Alves. O nome parecia de conto de fadas e a primeira página também começava com “Era uma vez...”, contudo ele não terminava com “e eles viveram felizes para sempre”. O final tinha um ingrediente proibido em contos de fadas: a incerteza da vida. A última página dizia:
- Quem sabe ele voltará amanhã...
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro...

Durante a minha vida, eu li essa história diversas vezes e ela sempre se renovava para mim. É o único livro de criança que sobreviveu a minha adolescência (fase de maior imaturidade em que eu queria matar qualquer sabedoria infantil). Como o próprio Rubem Alves escreve:

Para quê uma estória?
...
É elas que tem o poder de transfigurar o cotidiano.
Elas chamam as angústias pelos seus nomes e dizem o medo em canções.
Com isto, angústia e medo ficam mais mansos.
Claro que são para crianças.
Especialmente aquelas que moram dentro de nós, e têm medo da solidão...

Decidi fazer esse blog temporário para conversar comigo e com vocês sobre essa fase de transição na minha vida: estou indo morar sozinha. Por muito tempo meus pais me trancaram em uma “gaiola” para eu permanecer sempre com eles, depender das suas ajudas, e nunca mudar... E eu me deixei ser trancada. Isso prejudicou muito o amor que eu sentia por eles. Não havia saudade...

Agora, a gaiola está aberta... Estou voando livremente... Até a saudade mandar eu voltar...

Beijos aos meus Pássaros Encantados, que estão me ensinando a voar sozinha!

Clique aqui e leia “A Menina e o Pássaro Encantado” do Rubem Alves.