terça-feira, 11 de maio de 2010

Cama de Pregos


Arte por: Audrey Kawasaki


Para eu própria me emprestar companhia quando meu marido viaja,
e o meu colchão de molas torna-se uma "cama de pregos".


Há tempo que não me sinto assim
a ponto de sono me tirar o sono
a margem de nem lembrar a vez última
da dor ser aquela dúvida tão certa

Cada mola do meu sono substituída
por um prego pontiagudo de ferida
Não posso mais pular na cama
a carne é perfurada sem adormecer

Os olhos lacrimejantes
esperam o pouso dos cílios
que não mais acompanham,
no horizonte, o por do sol

À noite, não vejo sombra
Já sou toda sombra
toda fenda, toda angústia
Angústia de perceber

Não adianta contar ovelhas
na obra de Nietzche
Matar Deus é mais fácil
do que matar a insônia

A causa não é
um vazio em mim
O vazio deitado
ao lado, me acorda

Um comentário:

  1. Adorei tudo que li.

    Adicionarei seu espaço
    entre as "delícias alheias"
    que acompanho e recomendo!

    Beijo,
    doce de lira

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